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Gestalt: Leitura Visual da Forma

O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.

– Gregório de Matos

Gestalt, em seu sentido mais amplo, significa uma integração das partes, em oposição à soma do todo. Em outras palavras, o todo é maior que a soma de suas partes. Em design, o termo se vulgarizou e é traduzido como “boa forma“.

“Se cada um de 12 observadores ouvisse uma
nota de uma melodia, a soma das experiências não
corresponderia ao que seria percebido por
alguém que ouvisse a melodia toda”

– Christian von Ehrenfels

A Gestalt é uma Escola de Psicologia Experimental. A teoria da Gestalt surgiu na Áustria, no final do século XIX, e teve seu início efetivo no começo do século XX, na Universidade de Frankfurt, por meio de três nomes principais: Max Werthemeier, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka.

A Gestalt atuou principalmente no campo da teoria da percepção da forma, com contribuições relevantes aos estudos de percepção, linguagem, inteligência, aprendizagem, memória, motivação, conduta exploratória e dinâmica de grupos sociais.

A neurociência explica que, ao guardar uma lembrança, o cérebro tenta relacionar a informação nova com algo que já tenhamos visto no passado. Ao ver alguma coisa, o cérebro busca em suas lembranças se a forma se assemelha a algo que já se tenha visto antes.


Fundamentação Teórica

De acordo com a teoria da Gestalt, o que acontece no cérebro não é o mesmo que acontece na retina. A excitação cerebral não se dá em pontos isolados, mas por extensão. Não existe, na percepção da forma, um processo posterior de associação das várias sensações, elas acontecem simultaneamente no cérebro.

Em outras palavras, não percebemos unidades visuais isoladas, mas relações, um ponto na dependência de outro ponto.

Os círculos centrais (mais saturados) são do mesmo tamanho.

Leis da Gestalt

Todo processo consciente, toda forma psicologicamente percebida, está estreitamente relacionada com as forças integradoras do processo fisiológico cerebral. São as forças de organização.

Através de estudos e experimentos, os psicólogos da Gestalt precisaram certas constantes nessas forças internas, quanto à maneira como se ordenam ou se estruturam as formas psicologicamente percebidas.

São chamados padrões ou leis de organização da forma perceptual. São essas forças que explicam porque enxergamos as coisas de uma forma e não de outra.

Para nossa percepção, não existe nenhuma qualidade absoluta de cor, brilho ou forma. Há apenas relações.


1. Unificação

Uma unidade é um elemento que se encerra em si mesmo ou como parte de um todo.

O princípio da unificação consiste na igualdade ou semelhança de estímulos produzidos pelo campo visual (pelo objeto). A unificação ocorre quando há harmonia, equilíbrio, ordenação visual e coerência.

Dois fatores concorrem fortemente para a unificação da organização formal, que são as leis da proximidade e da semelhança.

2. Semelhança

A igualdade de forma e de cor desperta a tendência a se construir unidades, isto é de estabelecer agrupamentos.

A semelhança é o fator mais forte de organização que a proximidade.

3. Proximidade

Elementos ópticos próximos uns dos outros tendem a ser vistos juntos, e por conseguinte, a constituírem um todo, ou unidades dentro de um todo.

Não existe agrupamento ou unidade, apesar da proximidade do
hexagono e do ponto. Semelhança e proximidade são dois fatores que
agem em comum, muitas vezes se reforçam ou se enfraquecem
mutuamente.

4. Segregação

Significa a capacidade perceptiva de separar, identificar, evidenciar ou destacar unidades formais dentro de um todo perceptivo.

5. Fechamento

O fator fechamento é importante para a formação de unidades. As forças de organização da forma dirigem-se espontaneamente para uma ordem espacial que tende à formação de unidade em todos fechados.

6. Continuidade

A boa continuidade é a impressão visual de como as partes se sucedem através da organização perceptiva da forma de modo coerente, sem quebras ou interrupções na sua trajetória ou na fluidez visual.

7. Pregnância

O cérebro tende a perceber mais rápido e fácil as formas organizadas. A pregnância de uma forma pode ser medida de acordo com sua:

  • Legibilidade
  • Compreensão
  • Máximo de clareza possível

Sua utilização pode ser aplicada estrategicamente como recurso de narrativa, para controlar a leitura.

Quanto melhor for a organização visual da forma do objeto, em termos de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação, maior será o grau de pregnância.

Quanto pior ou mais confusa for a organização visual da forma do objeto, menor será seu grau de pregnância.

8. Outros Princípios

  • Simplicidade / Complexidade
  • Unidade / Fragmentação
  • Regularidade / Irregularidade
  • Economia / Profusão
  • Minimização / Exagero
  • Previsibilidade / Espontaneidade
  • Atividade / Estase
  • Sutileza / Ousadia
  • Neutralidade / Ênfase
  • Transparência / Opacidade

Author:

Actor, Language Consultant, Astrologist and Game Design Student. Sagittarius, 26 y.o. - São Paulo/BR

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