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História do Design I – As Revoluções Industriais

A evolução do design está diretamente associada ao processo de industrialização, que ganhou força a partir do século XIX com a Revolução Industrial, onde se viu a necessidade de um projeto de produção.

A industrialização permitiu a fabricação em massa de produtos de bens de consumo. Os processos de manufatura desses bens foram evoluindo com o tempo, otimizando suas formas e características. Temos daí a evolução do design.


Primeira Revolução Industrial (1750-1850)

A indústria teve seu início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. Durante a Idade Média, o artesanato era a forma de produzir mais utilizada. Mas na Idade Moderna a burguesia industrial busca alternativas para melhorar a produção de mercadorias, uma vez que a demanda por produtos aumentava devido ao crescimento populacional da época.

O fator mais caro de produção era o trabalho, o que levou os empresários a investir em máquinas movidas por um combustível abundante na região (o carvão mineral), que substituiu a energia manual.

Em 1760 as oficinas artesanais deram lugar a grandes fábricas, e em 1769 James Watt cria um equipamento para transformar o vapor em fonte de energia: surgem as locomotivas, os barcos e as máquinas a vapor.

Tanto o carvão mineral como a máquina a vapor foram determinantes para dinamizar o transporte de matéria-prima, pessoas e distribuição de mercadorias.

Um dos primeiros ramos industriais a usufruir a nova tecnologia da máquina a vapor foi a produção têxtil, que antes da revolução era desenvolvida de forma artesanal.

Para atender ao aumento da procura de tecidos e outros produtos, os proprietários de terras começaram a cultivar matérias-primas em vez de alimentos em suas propriedades. Surge aqui o conceito de fornecedor.

Algumas questões sociais problematizam o grande avanço da produção industrial:

  • A diminuição do tempo de lazer;
  • Aumento da poluição;
  • Degradação das fontes de matéria-prima e energia;
  • A busca por novas fontes de matéria-prima e energia leva ao processo de colonização exploratória e à política do cercamento, que levou ao êxodo rural e à explosão demográfica urbana nas cidades inglesas.

Nessa época surgem as grandes exposições mundiais, com a primeira Exposição Mundial de Londres em 1851. Uma exposição de 150 dias, com mais de 6 milhões de visitantes e uma estrutura montada apenas para essa exposição.

Esse modelo se desdobrou em outros grandes eventos pelo mundo, no campo das Artes com a I Bienal de Veneza e nas exposições tecnológicas que temos até os dias de hoje. A Torre Eiffel foi construída para uma dessas grandes exposições mundiais de produtos e tecnologia.

No design, o avanço da tecnologia permitiu novas formas de produção, como a madeira dobrada a vapor (bentwood).

Também há o desenvolvimento do design gráfico com a invenção da imprensa, que possibilitou a produção em larga escala de panfletos contendo informações e divulgação de produtos (para estimular seu consumo).

Cartaz da Companhia das Índias Orientais

RESUMO: a energia manual é substituída pela energia do carvão.


Segunda Revolução Industrial (1850 – 1950)

Nessa fase, novas fontes de energia substituem o carvão mineral: o petróleo (motor à combustão), a água (usinas hidrelétricas) e o urânio (usinas nucleares).

Após a segunda guerra mundial, os Estados Unidos despontam como a nova potência industrial, utilizando petróleo não só como fonte de energia mas também como matéria-prima para a produção de plástico. O uso em massa do petróleo se desdobra no aumento da poluição atmosférica e guerras pelo controle de áreas petrolíferas.

Durante a segunda revolução industrial, a sociedade começa a comprar, consumir e utilizar os produtos industrializados.

O aço é utilizado em novos tipos de edificação, maquinário e transporte (trilhos, estruturas metálicas, máquinas).

Novos meios de transporte também surgem, como o avião e o automóvel.

Há o desenvolvimento dos meios de mídia e comunicação: o telégrafo, o telefone, a televisão e o cinema.

Surgem as linhas de produção em massa, com diminuição do tempo e de custos de produção, sendo o primeiro modelo conhecido como fordismo.

O fordismo tinha sua linha de produção específica para um único tipo de carro, o Ford T, o que eventualmente levou o modelo à queda.

Acontece então a flexibilização da produção, com novos modelos de produção em massa, como o taylorismo.

Ford T

Surge o design aerodinâmico, um design futurista para estimular o consumo dos produtos da época. Também houve evolução no design gráfico de panfletos de divulgação, cujo objetivo era também aumentar as vendas.

Greyhound Bicycle (Raymond Loewy)

RESUMO: o carvão mineral dá lugar à energia elétrica e ao petróleo; surge o motor à combustão e os veículos automotores; a produção passa a ser em série.


Terceira Revolução Industrial (1950)

Marcada essencialmente pela automação industrial, a eletrônica e a informática aliadas às máquinas. A mão-de-obra humana passa da manufatura para a supervisão da máquina.

É a era da corrida espacial, da lâmpada de filamento, e do desenvolvimento da genética, da robótica e da telefonia.

Há durante esse período o fortalecimento do poderio norte-americano após a segunda guerra mundial, que começa a cultura de consumo de massa, surgindo lugares concentrados para o consumo, como as lojas de magazine e os shopping centers. além da intensificação da propaganda.

O desenvolvimento técnico-científico é extremamente atrelado à produção industrial.

Temos uma maior velocidade de informações, quase instantânea, devido ao advento da internet, uma invenção militar. A internet, aliada à globalização (interligação social, econômica, política e cultural) cria a ideia da rede global, apesar de simultaneamente excluir uma boa parcela da população global dessa rede.

RESUMO: surgimento da Tecnologia da Informação; as máquinas passam a ser programadas.


Quarta Revolução Industrial (2011)

Caracterizada pelo desenvolvimento dos apps (aplicativos para smartphones) e das redes sociais como um novo produto, ligado à mobilidade.

Desenvolvimento da robótica, inteligência artificial, realidade aumentada, big data, nanotecnologia, impressão 3D, biologia sintética, e a internet das coisas.

A internet das coisas (IOT – internet of things) é a sinergia, conexão e convergência entre o mundo físico, biológico e o mundo virtual. Todas as coisas físicas são interligadas através da internet.

Revolução Digital (Digitization)

O serviço é on demand (Uber, Facebook, Alibaba, Airbnb) – as empresas não têm estoque do produto físico, mas investem na intermediação entre fabricante e consumidor final.

Levanta uma série de questionamentos, especialmente quanto ao uso de big data para prospecção de clientes, o mapeamento de informações para controle político e econômico e a disseminação de fake news, mostrado em documentários como Privacidade Hackeada.

Aspectos Considerados na Indústria 4.0:

  • Economia sustentável;
  • Local de trabalho inovador;
  • Virtualização;
  • Mobilidade inteligente;
  • Modularidade: adaptação flexível das fábricas inteligentes para requisitos mutáveis, através da reposição ou expansão de módulos individuais (fab labs);
  • Máquinas inteligentes;
  • Produtos inteiros são desenhados e ganham vida digitalmente.
Impressão 3D
Love Project – Guto Requena (Impressão 3D)
Impressão 3D pode detectar problemas no feto

Quinta Revolução Industrial (2016)

Surge no Japão, como uma nova maneira de olhar os processos industriais.

O Japão é um país que culturalmente se preocupa com a sociedade e a longevidade de seus membros. Por isso, começa a desenvolver tecnologias para auxiliar no dia-a-dia das pessoas.

Inteligências artificiais extraem significados dos metadados (análise do significado do significado), e filtram as informações interessantes ao usuário do vasto mar de informações que temos hoje através das mídias digitais.

Desenvolve-se o CPS (cyberphisical system), que combina as informações digitais com as informações do mundo real, e a hibridação entre homem e máquina.

Cria-se o conceito de “sociedade supersmart” ou sociedade 5.0, que também levanta questionamentos quanto à exclusão daqueles que não têm acesso às tecnologias de ponta “supersmart”.

Sociedade 5.0 (Japão)

Author:

Actor, Language Consultant, Astrologist and Game Design Student. Sagittarius, 26 y.o. - São Paulo/BR

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