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No Começo, Há o Designer

Para ser um Designer de Games, basta começar a desenhar Games!

Construir a confiança enquanto designer é de extrema importância, pois dúvidas sobre sua própria habilidade nos assombram por toda a vida: designers iniciantes pensam que não sabem o que estão fazendo, designers com um pouco de experiência pensam que suas habilidades ainda são insuficientes, e designers experientes pensam que perderam o jeito e ficaram desatualizados.

Sopre esses pensamentos para longe, eles são inúteis. As mentes geniais não têm medo do ridículo, e as grandes invenções vieram de pessoas estúpidas demais para saber que o que estavam fazendo era impossível.

Desenhar games é tomar decisões com confiança. Você vai falhar muitas vezes, mas são justamente essas falhas que levam ao sucesso.

1. De quais habilidades um Designer de Games precisa?

Em resumo, todas. Tudo aquilo em que formos bons pode se tornar uma habilidade útil para um designer de games.

  1. Administração: para que o time todo trabalhe junto rumo ao mesmo objetivo, mesmo que se administre secretamente “por debaixo dos panos”.
  2. Animação: entender os poderes e limites da animação de personagens abre as portas para ideias inteligentes e inovadoras de game design.
  3. Antropologia: estudar o público em seu habitat natural para descobrir o que ele mais deseja, para que seus games satisfaçam esse desejo.
  4. Arquitetura: compreender a relação entre pessoas e espaços nos leva um passo à frente na criação de mundos.
  5. Artes Visuais: ser fluente na linguagem do design gráfico para criar a sensação que se quer passar no game.
  6. Brainstorming: para criar ideias aos milhares.
  7. Business: para compreender a indústria dos games.
  8. Cinematografia: entender a arte da câmera virtual para entregar uma experiência emocionalmente cativante.
  9. Comunicação: para resolver brigas, resolver problemas e saber o que seus colegas, cliente e público realmente pensam sobre seu game.
  10. Design de Som: para convencer a mente de que ela está num outro lugar. Ouvir para crer.
  11. Economia: para entender a administração complexa de recursos, presentes em muitos games modernos.
  12. Engenharia: presente nos códigos do game e nas inovações que permitem novas possibilidades de jogo, para entender os poderes e os limites que cada tecnologia traz consigo.
  13. Escrita Criativa: para criar mundos fictícios, populações e eventos que acontecem nesses mundos.
  14. Escrita Técnica: para criar documentos que descrevam com clareza a complexidade do design.
  15. Falar em público: para apresentar ideias, dar e pedir feedbacks, convencer etc. de modo confiante, claro, natural e interessante (“eu sei o que estou fazendo”).
  16. História: inspiração para cenários fantásticos ou mesmo históricos.
  17. Matemática: presente nas probabilidades, análises de risco, sistemas complexos de pontuação e na matemática por trás dos gráficos e do código do game.
  18. Música: a língua da alma toca, imerge e acolhe as pessoas.
  19. Psicologia: entender os mecanismos da mente humana com o fim de fazer um ser humano feliz.

E muitas outras. Não precisamos ser especialistas nesses campos, mas trabalhar confortavelmente com eles, de modo confiante e destemido.


2. A Habilidade Mais Importante

Ouvir: a equipe, o público, o game, o cliente e a si mesmo.

Não apenas ouvir por ouvir, mas ouvir com atenção. Para além das palavras, observar o comportamento (linguagem corporal). Questionar:

  • Isso é verdade?
  • Por que isso se dá dessa maneira?
  • É assim mesmo que ela está se sentindo?
  • Agora que eu sei, o que isso significa?

Em inglês, “listen” vem de “list” (inclinação). Inclinamos a cabeça para ouvir melhor, com atenção. Aceitamos a possibilidade do desequiíbrio, nos colocando em risco (o que eu ouvir pode me chatear ou me contradizer). A mais potente forma de “mente aberta”. A única forma de descobrir a verdade. Devemos abordar todas as coisas como as crianças, sem suposições e observando tudo.

Escutar com o coração em silêncio e uma alma aberta e receptiva. Sem paixões, sem desejos, sem julgamentos, sem censuras.

Herman Hesse (Siddhartha)

3. Os Cinco Tipos de Escuta

  1. Escutar a equipe: para funcionar como uma unidade única que compartilha todas as habilidades necessárias presentes em membros diferentes.
  2. Escutar o público: para descobrir o que vai fazer o público feliz, deve-se conhecer as pessoas melhor do que elas mesmas.
  3. Escutar o game: como um mecânico sabe o problema do carro só de escutar o motor.
  4. Escutar o cliente: que está pagando pelo design do game, é preciso escutá-los para descobrir o que eles realmente querem, no fundo do coração.
  5. Escutar a si mesmo: é o tipo mais difícil de escuta, mas é o segredo por trás das maiores criatividades

4. O Segredo do Talento

Há dois tipos de talento:

  • O talento inato: é o menor talento, para dada habilidade, que nos faz ter facilidade para fazer algo quase sem pensar, mas que não necessariamente gostamos de fazer. Indica habilidade, mas não necessariamente grandiosidade.
  • O talento maior: amor pelo trabalho. Faz com que se use quaisquer outras habilidades limitadas que se tenha à mão. O amor pelo trabalho possui um brilho próprio, e através da prática, o talento para design de games cresce (como os músculos) até se tornar maior que o próprio talento inato.

Como saber se o design de games é para você? Comece a sua jornada, e veja se faz seu coração cantar.

Author:

Actor, Language Consultant, Astrologist and Game Design Student. Sagittarius, 26 y.o. - São Paulo/BR

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